Dados da OMS (Organização Mundial de Saúde) apontam que a cada 40 segundos, uma pessoa se suicida no mundo (em média 800 mil pessoas por ano). No Brasil, há registro de em média 32 vítimas por dia. Desta forma, o suicídio torna-se um grave problema de saúde pública e mobiliza profissionais de saúde a discutirem o tema, pensando em formas de minimizar tais eventos.
O suicídio é considerado um fator de morte evitável, desde que a dor seja acolhida a tempo. Desta forma, esse texto terá o objetivo de orientar pais e Educadores a abordarem o tema de maneira adequada, bem como estarem atentos aos sinais que crianças e jovens emitem.
O suicídio, em qualquer idade, é uma forma de morte que causa perplexidade. Isso é ainda maior quando falamos do suicídio de jovens, pois não é esperado que alguém no início da vida tome tal decisão.
É importante pensar que o suicídio é cercado por multifatores (além dos aspectos biológicos, envolvem os sociais e psíquicos). Quando falamos desse tipo de evento associado ao público jovem é preciso considerar que há um “desajuste” pela falta de identidade, pressões sentidas pelo contexto social, levando-os a um sentimento de solidão e isolamento.
Não há como evitar o contato com a morte
Recentemente foram publicadas notícias acerca de casos de suicídio em alguns colégios tradicionais de São Paulo (e mesmo em outras partes do mundo), causando grande comoção e necessidade de se falar sobre o assunto com intuito de levar informação e formas de prevenção. Diante desses fatos, é preciso falar a respeito com as crianças e adolescentes (de maneira que consigam entender, respeitando sua faixa etária).
Fazemos parte de uma cultura que não incentiva a falar sobre morte, especialmente sobre suicídio. O fato é que pessoas morrem todos os dias e não há formas de impedir que seus filhos lidem com perdas de entes queridos. Uma forma de prepara-los para isso, é ajuda-los a entender e lidar sobre outras perdas (animais de estimação, mudança de casa ou escola etc.) e explicar o ciclo natural da vida (tudo e todos nascem e morrem, um dia). Estejam preparados para responder às perguntas dos pequenos de maneira simples, mas verdadeira.
Formas de prevenção ao suicídio
A principal forma de prevenção é ajudar crianças e adolescentes a criarem recursos internos de enfrentamento às dificuldades e frustrações.
Especialmente num cenário com tantos perigos, é comum que os pais tentem proteger seus filhos de todo e qualquer mal. A questão é que, quando há um grande esforço para protegê-los tiramos a oportunidade de que eles criem recursos para enfrentar as dificuldades. Desta forma, é importante permitir que lidem com certos desconfortos.
Outro aspecto importante refere-se a criar um campo de conversa, pois quando sentem que podem falar abertamente sobre diferentes questões em casa (inclusive sobre a morte), um espaço rico de conversa e conexão é criado, minimizando a possibilidade de transtornos diversos.
Falar é sempre a melhor opção. Quando não há espaço para essa conversa em casa, é importante buscar alguém de confiança ou procurar por ajuda profissional (psicólogo ou psiquiatra).
Como identificar os sinais
Penso que um dos aspectos fundamentais para identificar os sinais de suicídio é o de estar atento às mudanças comportamentais dos seus filhos. Alterações no sono ou apetite costuma serem sinalizadores de que algo não está bem.
Inicialmente é possível perceber mudanças sutis em seus gestos e atitudes, mas que tendem a se intensificar. Quando alguém comunica a intenção de se matar é porque esse pensamento já vive nele há mais tempo e é importante acolher essa dor.
Muitos se utilizam de recursos para amortecer a dor emocional como o uso de drogas, automutilação, entre outros. É importante enfatizar que quem sofre não precisa passar por isso sozinho e que a dor compartilhada é possível de ser vivenciada.
Indicadores de risco para suicídio
Enquanto há vida, há esperança… e existe a possibilidade de evitar o suicídio. Abaixo segue alguns fatores que aumentam a possibilidade de risco e exige maior atenção:
• Casos de suicídio na família (especialmente pais e irmãos), bem como casos de abuso sexual ou depressão pós parto
• Tentativas de suicídio anteriores aumentam a possibilidade de acontecer
• Medicamentos que não estão respondendo (não tira da crise)
• A família já está cansada de lidar com a situação e espera que aconteça a qualquer momento
• Aquele que se corta ainda grita por socorro e espera ser ajudado; diferente daquele que já não reage mais (este demonstra que já perdeu a esperança em tudo)
O suicídio ainda é considerado um grande tabu em nossa sociedade, embora afete várias famílias no mundo todo. Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), os números poderiam ser bem menores se o problema fosse tratado com maior clareza e menor preconceito. Por isso, é tão importante que possamos falar sobre suicídio, levando informação a quem precisa e contribuir com estratégias de intervenção para quem acolhe essas pessoas.
O CVV (Centro de Valorização da Vida) realiza apoio emocional e prevenção de suicídio, atendendo gratuitamente a todas as pessoas que precisarem conversar. Basta ligar 188 de qualquer lugar do Brasil. O Canal funciona 24 horas todos os dias.