Criança e tecnologia: ser criança hoje é diferente do que era antigamente. As mudanças nas relações familiares e a tecnologia trazem novas questões para pais e filhos.

As crianças já não são mais as mesmas

Muitos dos pais que me procuram trazem em seu discurso uma comparação entre a criança que foram e a criança que seu filho é. De maneira geral, eles se queixam que ela é agitada, desobediente, “respondona”, etc… Reforçam que “no tempo deles” as crianças agiam de modo bem diferente.

A esses pais costumo dizer que as crianças agem em conformidade com o contexto em que estão inseridas e vão se firmando como indivíduos através das relações com as pessoas com quem convivem.

Costumo explicar que um recém nascido sabe apenas procurar conforto e proteção pelo choro e buscar seu alimento, no caso, sugando o seio materno. Daí, todo seu aprendizado ocorre através do contato com as pessoas ao seu redor. Assim vai se desenvolvendo, aperfeiçoando sua comunicação, aprendendo a andar, entre outras coisas.

Num ponto, porém, esses pais têm razão: as crianças da atualidade não são as mesmas de antigamente. Isso porque o mundo não é mais o mesmo. Hoje as crianças nascem cercadas de muito mais estímulos, inexistentes no passado.

Tecnologia desde sempre

Desde cedo, os pequenos familiarizam-se especialmente com jogos eletrônicos e acesso à internet, o que os leva a se distanciarem das brincadeiras tradicionais.

A estrutura familiar também mudou. Hoje as famílias apresentam composições e formatos diversos das antigas. Com essas mudanças, o tempo compartilhado entre familiares ficou mais escasso. O grande desafio agora é suprir as necessidades dos pequenos adaptando-se às modernidades.

Alguns pais se queixam de pedidos feitos pelos filhos, especialmente no que se refere aos produtos eletrônicos, mas acabam utilizando isso como fonte de distração enquanto conseguem tempo para se dedicarem a outras atividades. Sempre aconselho a aprenderem dosar esses recursos e usá-los como uma ferramenta benéfica (leia mais em “A relação da criança com o mundo digital”).

Para tanto, é importante tomar consciência do uso adequado, de acordo com a idade da criança, bem como monitorar e orientar para que os acessos ocorram de maneira segura, conforme preconiza a lei 12.965 de 2014, citada no Manual de Orientação da Sociedade Brasileira de Pediatria e que poderá ser consultada no link: http://www.sbp.com.br/src/uploads/2016/11/19166d-MOrient-Saude-Crian-e-Adolesc.pdf

Agitação e inquietude

A agitação da criança costuma ser saudável, até certo limite. Ela assim brinca, corre, pula, etc… Não é comum ficar quieta, não tocar em nada, ser paciente e ficar calada. O fato de ter acesso a uma série de estímulos também propicia essa agitação e isso, nem sempre, é sinônimo de uma patologia. O que deve ser observado são os aspectos extremos, ou seja, um quietude ou agitação exacerbada. Isso requer maior atenção, sendo conveniente que esse quadro seja investigado por um profissional.

Para todos os casos, a indicação mais eficaz é a administração de seu tempo, de modo a dedicar mais horas com a família. Brincar com seu filho, demonstrar interesse pelas suas experiências e colocar-se à disposição para responder as suas dúvidas.

Se houver dificuldades nesse processo de adaptação e fortalecimento dos laços familiares, será extremamente útil a ajuda de um profissional.

Para maiores informações sobre psicoterapia infantil e orientações de pais, entre em contato com a psicóloga Simone Ottoni – CRP 06/119232 – Whatsapp (11) 95756-7194